Ferdinando,o jabuti
- Oi
- Oi
- Como você se sente hoje?
- Sinto-me triste.
- Pode me contar o motivo de sua tristeza?
- Ferdinando morreu.
- Sinto muito. Quer falar sobre isso?
- Ferdinando era meu Jabuti. Tinha 20 anos. Tive que doá-lo
para uma amiga, ela não podia ficar mais lá em casa. Minha amiga tem um quintal
grande e outros jabutis então mandei-a para lá. Ela teve "namorados"
e filhotes.
Ela começou a ficar amuada e sua cabeça ficava dentro do
casco. Tentei me informar: talvez fosse a chuva, talvez estivesse hibernando.
Répteis não são cachorros. Quando consegui tempo para levá-la ao veterinário
ela faleceu. Sinto-me tão culpada!!
Eu poderia ter ido correndo !! Poderia ser um ovo preso, já
aconteceu antes!! Mas não o fiz e ela morreu, tão cedo!! Tudo culpa minha !!
- Entendo. Vamos imaginar um dia de verão bem quente. Tipo
os verões cariocas. Tipo hoje, ok?!
Hoje o dia está ensolarado e você está caminhando na rua com
um vestido leve e de sandálias. De repente nuvens negras começam a se juntar e
o dia vira noite e as 15:00 horas se parecem 21:00. Raios, trovões e uma chuva
torrencial desaba. Você fica completamente molhada e ilhada pois tudo está
alagado. Só lhe resta procurar um abrigo e esperar que a chuva acabe e que a
água baixe.
Às vezes a vida é como um dia de verão e de repente o céu
fecha e vem a chuva e o vento. Sempre achamos que ela não vai acontecer naquele
dia. Com a Morte também é assim. Ela acontece, mas nunca achamos que vai ser
quando pensamos. Não importa o quanto estejamos ou não preparados para ela. O
guarda-chuva pode quebrar, a capa furar e a bota encharcar.
Seu jabuti viveu o tempo dele. Não se culpe tanto. Sempre
achamos que podemos fazer a diferença na morte e na maioria das vezes a
diferença está na vida que proporcionamos ao outro. Você deu espaço, liberdade,
namorados, filhotes a ela. Isso é vida !! Porém a hora dela chegou. Ela viveu
feliz porque você proporcionou isso a ela. Agarre-se nessa ideia.
Tempestades de verão sempre irão acontecer em nossas vidas,
agora é tempo de esperar as águas baixarem e continuar a seguir em frente.
Eliane Pietroluongo Vianna - 26/01/2016
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